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CONTRIBUIÇÃO A TESE DO MNU DE PERNAMBUCO NA TEMÁTICA SPN NO CONGRESSO DO MNU 2022.

 

Saúde da população negra: contribuições à tese do MNU/PE ao 16ª COMNU

 

1.              A saúde da população negra negligenciada, devido o racismo institucional, permanece como dívida histórica a ser paga pela elite brasileira, neste sentido urge à implementação do proposto no Programa Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN), reconhecendo os desafios que estão postos ao estabelecimento desta política, possível somente com a defesa intransigente do Sistema Único de Saúde (SUS).

2.              Assim, pensamos que integralidade na saúde só será efetivada com o reconhecimento do racismo quanto determinante social da saúde que gera iniquidades que tornam nós negros e negras, maiores vitimas de doenças e agravos que poderiam ser evitadas e prevenidas.

3.              Nosso desafio quanto movimento negro, segue sendo atuar para fortalecer um SUS público, que seja capaz de garantir atendimento em todos os níveis de atenção, mas priorizando a atenção básica como porta de entrada do sistema e que sobre tudo, garanta cuidado e acolhimento do nosso povo levando em conta nossas especificidades e necessidades de saúde por muito tempo negada.

4.              A atenção à saúde da população negra, deve ir além das pautas voltadas para das hemoglobinopatias hereditárias, que em muitos estados se tornou a única política de saúde associada a população negra, em lugar disto, precisamos ir além, pensando saúde do povo quanto direito ao bem estar pleno e a garantia de direitos tais como:  Moradia digna, educação, trabalho e renda, acesso a cultura, esporte e laser, segurança alimentar, segurança publica que não esteja comprometida com o extermínio do nosso povo, e condições dignas ao nosso desenvolvimento material, intelectual e espiritual.

5.              Não é possível continuarmos percebendo como o racismo territorial e ambiental determina a qualidade da atenção médica dispensada a nossa gente, a garantia de consultas especializadas e acesso a níveis mais complexos de atenção nos rincões deste país e periferia das grandes cidades do Brasil, portanto deve ser pauta real e concreta do movimento negro, a reivindicação qualificação da atenção à saúde integral da população negra.

6.              Sabemos que o racismo tenta nos invisibilizar também na saúde, portanto é tarefa do movimento negro defender que o quesito raça/cor elemento essencial para a estratificação da clientela sus-dependente que tem sua maioria negra, mais de 85%, possa está representada nos números oficiais e assim vencermos a subnotificação, pressupomos que esses números são cruciais para a garantia de politicas de saúde que tenham em conta nossas necessidades e especificidades.

7. É notável que o desafio de fortalecermos a organicidade do MNU segue vigente também na saúde, neste sentido, defendemos a criação em todos os estados do GT´s de Saúde, visando à formação de fórum permanente a nível nacional e constituição/fortalecimento do GT de saúde nacional do MNU, visando a formação e norteamento das pautas referentes a saúde da população negra para dentro e para fora da nossa entidade.

8.              Defender a ampliação de linhas de cuidado já estabelecida como são: Saúde mental, saúde bucal, saúde da mulher, saúde Lgbtqia+, saúde do idoso, saúde do homem, doenças crônicas não transmissíveis, hiv/aids e outras its´s, dentre outras, com corte racial, perduram quanto desafios, defender portanto que nossas especificidades e demandas de saúde, sejam consideradas nestes programas, na nossa forma de ver, seguem sendo condição para que tais programas se tornem bem sucedidos e signifiquem de fato politicas publicas equânimes e que atendam toda a população brasileira.

9.              A população carcerária e em situação de rua, na maioria dos estados têm seu acesso à saúde negligenciada, sabemos que o racismo norteia a falta de ação do estado em atender e garantir dignidade a essa parcela da população e isso deve mudar, o movimento negro deve ser impulsionador do debate para ampliação dos serviços de saúde voltados para a poprua e pessoas em situação de encarceramento que como sabemos tem raça e tem cor e é Negra!

10. Fortalecimento do controle social passa pela qualificação da nossa intervenção nos espaços como conselhos em todos os níveis e conferencias de saúde, portanto deve ser tarefa dos GT´s de saúde a formação e qualificação dos nossos representantes nestes espaços, visando a construção de pautas que levem ao poder publico a demanda do povo negro por saúde de qualidade e o combate ao racismo nas suas diversas formas.

Referencias:

 

SOARES FILHO, A. O recorte étnico-racial nos Sistemas de Informações em Saúde no Brasil: potencialidades para a tomada de decisão.

WERNECK, J. Iniquidades raciais em saúde e políticas de enfrentamento: as experiências do Canadá, Estados Unidos, África do Sul e Reino Unido.

______. Ministério da Saúde. Portaria MS n.992, de 13 de maio de 2009. Institui a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra.

______. Ministério da Saúde. Balanço do processo de implementação da PNSIPN.

LOPES, F. Conceitos e aplicabilidades dos determinantes sociais da saúde-DSS nas políticas do SUS.

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